Máscaras podem evitar segunda onda da pandemia de coronavírus, aponta estudo



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Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society A mostrou que se caso 60 milhões de pessoas usassem máscara na maior parte do tempo não haveria segunda ou terceira ondas da pandemia de coronavírus.

“Nossas análises respaldam a adoção imediata e universal de máscaras”, diz o principal autor do estudo, Richard Stutt.


Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society A mostrou que se caso 60 milhões de pessoas usassem máscara na maior parte do tempo não haveria segunda ou terceira ondas da pandemia de coronavírus.

“Nossas análises respaldam a adoção imediata e universal de máscaras”, diz o principal autor do estudo, Richard Stutt.

“Se combinarmos o uso maciço de máscaras com o distanciamento físico e algum grau de confinamento, a pandemia pode ser administrada de modo responsável ao mesmo tempo em que a economia se recupera, muito antes de haver uma vacina eficaz”, acrescenta.

A pesquisa também indica que, se pelo menos metade da população usasse máscara em público, a taxa de R0, corresponde ao número de pessoas infectadas a partir de um doente, seria abaixo de 1.

Com porcentagens crescentes de pessoas cobrindo o rosto, o modelo indica que esse R0 se aproximaria cada vez mais de zero.

O único problema, como reconhecem os autores, é que esses cenários são uma simulação baseada em uma série de suposições.

“Realizar estudos científicos para medir diretamente a eficácia das máscaras é muito complicado”, lembra Stutt. “Podemos ver a redução do material exalado por uma pessoa infectada com ou sem máscara, mas o mais difícil é calcular o efeito que isso tem sobre os suscetíveis ao contágio”, detalha.

Segundo publicado para o El País, para informações exatas, voluntários teriam que ser deliberadamente expostos ao patógeno, algo que suscita vários dilemas éticos.

Para Ellen Brooks, pesquisadora em saúde pública da Universidade de Bristol, “embora as máscaras possam reduzir a transmissão em alguns ambientes, como lojas ou transporte público, é pouco provável que impeçam a transmissão entre contatos sociais próximos e permanentes, como em casa”.

Outro receio de alguns cientistas é que o uso de máscaras crie uma aparente sensação de segurança. “Não há provas de que usar uma máscara leve ao relaxamento de outras medidas”, diz a professora de atendimento básico de saúde na Universidade Oxford, Trish Greenhalgh.


As diversas circunstâncias a serem levadas em conta, segundo o professor de epidemiologia do Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia), o espanhol Juan Jesús Carrero, é um dos motivos que levou a Organização Mundial da Saúde e a maioria dos governos ocidentais a não recomendarem (ou obrigarem) o uso de máscaras faciais.

“O primeiro [motivo] é interpretar a ausência de estudos científicos como falta de eficácia”, explica Carrero. Para ele, o medo de um desabastecimento entre profissionais de saúde também interferiu.

“O terceiro é que, ao usar máscaras, as pessoas relaxam outras medidas tão ou mais importantes, como distanciamento físico e higiene”, diz o cientista espanhol. Um quarto temor é que não seja suficiente recomendá-las, é preciso saber como colocá-las. “O mau uso (o jeito de colocá-las e de tirá-las) também pode propiciar o contágio”. E um quinto: “Alguns [incluindo Trump] podem não querer usar as máscaras por razões estéticas ou sensação de sufocamento”.

Com informações do El País.
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