Facebook cedeu dados privados para Spotify, Netflix, Amazon e Microsoft

Sim, o Facebook está envolvido em mais um escândalo de privacidade. Uma investigação do New York Times descobriu que a rede social cedeu dados privados para centenas de empresas, incluindo Spotify, Netflix, Amazon, Microsoft e Apple — e isso nunca ficou claro para os usuários. Essas companhias tinham acesso a conversas do Messenger, listas de amigos e endereços de e-mail.


Netflix e Spotify tinham a capacidade de ler e apagar mensagens privadas do Messenger, além de ver todos os participantes de uma conversa. Isso foi revelado em 270 páginas de documentos internos do Facebook obtidos pelo NYT. Os dois serviços de streaming dizem que nem sabiam ter poderes tão amplos.


O Facebook permitiu, até meados de 2018, que a Amazon coletasse os nomes e informações de contato dos amigos de cada usuário. Sony, Microsoft e outras empresas também conseguem obter endereços de e-mail dos amigos de cada usuário. É um recurso que, para a maioria dos desenvolvedores, foi encerrado em 2014.

Gizmodo suspeita que isso esteja relacionado a um caso antigo: uma mulher chamada Imy Santiago foi proibida de deixar resenhas para um livro na Amazon porque “a atividade de conta indica que você conhece a autora pessoalmente”. Isso não era verdade, e havia apenas uma conexão entre elas: Santiago seguia a autora no Facebook.

A Microsoft, por sua vez, conseguia ver o nome de praticamente todos os amigos dos usuários do Facebook sem consentimento. Os dados eram usados pela equipe do Bing para criar perfis de cada pessoa. A empresa diz que as informações foram apagadas; elas serviam para o “desenvolvimento de recursos”, não para propagandas.

A Apple tinha o poder de esconder todos os indicadores de que seus dispositivos estavam pedindo dados ao Facebook. Além disso, iPhones e iPads conseguiam acessar os telefones de contato e eventos de calendário de quem havia desativado todo o compartilhamento. A empresa disse que não sabia desse acesso especial, e que os dados compartilhados permaneceram nos dispositivos.

Facebook tinha acordos com mais de 150 empresas

O Facebook fechou acordos que beneficiaram mais de 150 empresas, a maioria delas no ramo de tecnologia, incluindo varejistas online e sites de entretenimento. Seus aplicativos tinham acesso aos dados de centenas de milhões de pessoas por mês. Todos estavam ativos em 2017.

Esses acordos eram mutuamente benéficos. Os parceiros que integravam o Facebook aos seus produtos conseguiam tornar seus produtos mais atraentes. Eles também alimentavam o crescimento da rede social, estimulando usuários a passar mais tempo e aumentando a receita de anúncios. 

Além disso, o Facebook obteve dados críticos de seus parceiros, incluindo listas de contatos da Amazon, Yahoo e Huawei para oferecer sugestões de amizade.

Facebook diz que não violou acordo com FTC

Um porta-voz do Facebook diz ao NYT não “encontrou evidências de abuso de seus parceiros”, mas reconhece que administrou mal algumas de suas parcerias, permitindo que o acesso de certas empresas continuasse por mais tempo que o necessário.

Vale lembrar que, em 2011, o Facebook fechou um acordo com a FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) exigindo o consentimento dos usuários para compartilhar seus dados. A rede social alega que não violou esses termos.

O Facebook considera seus parceiros como uma extensão de si própria, então não teria que pedir permissão para enviar informações à Amazon, Microsoft e outras. É o que diz Steve Satterfield, diretor de privacidade e políticas públicas. Mas David Vladeck, ex-funcionário da FTC, acredita que “isso é apenas dar permissão a terceiros para coletar dados sem que você seja informado ou dê consentimento”.

Em comunicado, o Facebook diz que “nenhuma dessas parcerias ou recursos deu às empresas acesso a informações sem a permissão das pessoas, nem violou nosso acordo com a FTC”. A rede social diz que encerrou quase todas as parcerias, com as seguintes exceções:
  • Amazon e Apple, que “as pessoas continuam a achar úteis”;
  • Tobii, permitindo que pessoas com ELA (esclerose lateral amiotrófica) acessem o Facebook;
  • Alibaba, Mozilla Firefox e Opera, para notificações no navegador.
Com informações: New York Times.
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